quarta-feira, 28 de maio de 2008

ÀS TARDES

PORTO, 2008.05.28

POEMA

ÀS TARDES

Dou os meus passeios por aí e vejo
Os bandos de pardais que voltam
Vêem das herdades ... onde os grãos secam
E é nesse momento que dou comigo a pensar
e formulo um desejo...
Como eu gostava de voar
Para ir com eles procurar
Comida, grãos e insectos.
Nessa altura não tinha patrões para aturar.
Gostava de ser pardal como eles
Para num voo ritmado desafiar o horizonte
Ir e não voltar..
Não interessa para onde...
Ir.. e se algum GNR no caminho me perguntasse para onde ia
Dir-lhe-ia
Não tenho passaporte meu amigo
Mas vou
Mas quero ir
E quero perceber esse mundo onde estou
Este mundo para onde me trouxeram
E onde me abandonaram
Depois de me terem dito que o meu lugar era aqui.
Não foi também isso que lhe disseram a si?..
Camarada....
Porque é que o mundo é uma mentira pegada
Ó amigo...
Porque é que a humanidade já não vale nada
Meu velho companheiro de jornada
Homem que como eu sofreste
Que eu bem vejo a tua fachada
E o homem sofre, ó meu velho ó meu amigo
Porque é que não nos revoltamos e dizemos
Nós não queremos isto; Não queremos este modelo
E o que tínhamos dantes também não... esse nem vê-lo
O que nós queremos não é um modelo mais
O que nós queremos é que nos considerem todos iguais
No posto de trabalho
Nas obrigações e nos direitos
Não queremos nem mais nem menos
Queremos ser considerados obreiros de verdade
E é isso que o governo não tem
IDONEIDADE.

JOÃO BRITO SOUSA

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